Pioneirismo de Algumas Mulheres na John Deere (Parte 2)

quinta-feira, Janeiro 16, 2020

Algumas mulheres ocupam cargo de liderança em diferentes áreas da John Deere, desempenhando funções impensáveis até um tempo atrás. Mas, assim como em todos os demais setores econômicos do País, ainda há espaços a serem conquistados – numéricos, inclusive. Afinal, os 51% de mulheres da sociedade ainda não estão refletidos nas posições de liderança do mercado de trabalho. Por isso, é preciso olhar para as pioneiras e se inspirar em suas histórias.

Na primeira parte, contamos a trajetória de Maristela Centenaro e Cristine Ullmann. Agora, mais três personagens demonstram que vale a pena batalhar por seu espaço.

 

Primeira gerente no Brasil inspira colegas

pioneirismo de algumas mulheres na John Deere

Os anos 1990 já davam sinais de que as mulheres estavam virando o jogo nas empresas de maneira geral e, também, no setor do agronegócio. Tanto é que Zuleica Modena entrou na John Deere em 1994, após experiência em uma companhia concorrente. A SLC passava naquele momento por um  processo de expansão. A John Deere estava aumentando      sua participação na empresa e se preparava para entrar no mercado brasileiro de tratores – até então, a fábrica de Horizontina só produzia colheitadeiras e plantadeiras.

A ida de Zuleica à SLC não foi nada por acaso. Ela sabia que    o futuro da mecanização agrícola passava pela John Deere e     a presença da gigante norte-americana na SLC lhe pareceu algo bastante convidativo. Levou um tempo até adquirir a confiança de todos, que não compreendiam muito a presença  de um profissional vindo da concorrência. Cinco anos depois,      Zuleica recebeu a proposta de assumir a gerência da área de Marketing. Seria um passo e tanto na sua carreira. E uma mudança de paradigma muito grande.

Era a primeira mulher da companhia no Brasil a chegar ao cargo Zuleica (ao centro da foto) destaca incentivo e confiança dos colegas de equipe como fatores importantes em sua trajetória na John Deerede gerente. Mas Zuleica, sempre tão focada e metódica em  suas atividades, pediu para pensar. Solicitou ao gestor um tempo.  “Eu era uma jovem mãe. Teria que assumir uma  posição dessas junto com um grupo de homens que já    tocavam a operação havia muito tempo. A maioria deles mais velhos que eu. Seria um desafio e tanto”, relembra.

Para ajudar na decisão, foi conversar com colegas da futura equipe para saber o que eles achavam. Eles foram unânimes: incentivaram, demonstraram confiança e apoio. “Foi um  endosso para eu começar essa jornada.” No dia seguinte, procurou os gestores. Estava com a decisão tomada. Aceitou    o desafio.

As mulheres da unidade se reuniram no clube da cidade para um jantar em celebração à conquista da colega. Entendiam que se tratava da conquista de cada uma delas. Zuleica foi recebida com um lindo buquê de flores e um brinde.

Zuleica participou da entrega do trator número 20.000 fabricado pela John Deere no Brasil

“Por mais mulheres na gerência!”

Brindou uma das colegas de equipe, erguendo a taça.
As mulheres celebravam a competência de Zuleica e o espaço recém-conquistado

Depois deste desafio, tantos outros vieram. Ela trabalhou na John Deere nos Estados Unidos e, depois da gerência de Marketing, vieram Recursos Humanos e inclusive a Presidência da Fundação John Deere. Hoje, com 25 anos de empresa, está se desafiando a conhecer melhor a Agricultura de Precisão. Nunca para de aprender em uma empresa com tantas oportunidades.

 

Feliz com a bota suja até o joelho

Neusa (agachada, à direita) aprendeu primeiro a dirigir trator, depois carro. Foi a primeira mulher a ser supervisora e em uma área relacionada ao pós-vendas

 

Parte do trabalho de suporte ao cliente envolve a gestão do resultado. Afinal, depois que chegou a peça e que o reparo foi realizado na máquina, como é o desempenho do equipamento? Para responder essa pergunta, é preciso ir a campo, acompanhar a colheita, acompanhar de perto a performance da máquina no meio da lavoura, debaixo do sol.

E qual não é a surpresa do fazendeiro quando, ao chegar o carro da John Deere em sua propriedade, sai lá de dentro… uma mulher? “Com um olhar você já entende o recado”, ri Neusa Fensterseifer. Era como se eles se perguntassem:

“Será que ela sabe como funciona um motor? Mexer em uma chave? Operar uma máquina?”

É o que os homens pensavam de Neusa…

Ela é a filha do meio, tem mais três irmãs. Depois do Neusa Fensterseifer sempre enfrentou desafios com perseverança e foi a primeira mulher na história da John Deere, globalmente, a ocupar a função de gerente de Suporte ao Cliente de um Branchprimeiro bebê, seu pai bem que queria um menino – e mal acreditou quando quem veio na segunda leva foi Neusa. Isso, porém,    não foi um problema. A menina acabou ocupando o espaço de filhão. Era ela quem acompanhava o pai no campo, mexia com os bichos, lidava com o trabalho pesado da fazenda. “Eu   aprendi a dirigir trator antes de carro”, relata. Neusa iniciou a faculdade de Administração quando entrou na SLC como secretária da área de Assistência Técnica. Passou por algumas áreas, fez outra faculdade, pós-graduação, até que surgiu um grande desafio em seu caminho: ser supervisora da área de Garantias.

Foi a primeira mulher a ser supervisora e em uma área relacionada ao pós-vendas. E, recentemente, foi a primeira mulher na história da John Deere globalmente a ocupar  a  função de gerente de Suporte ao Cliente de um Branch, cargo que, além do desafio da atividade, incluiu os desafios de atender diversos países e se comunicar em espanhol.

“O início foi bem desafiador. Fiquei pensando muito sobre as minhas capacidades, as habilidades que eu tinha que desenvolver. Naquele momento, estar no meio de uma atividade agrícola não era muito normal para uma mulher”.

Neusa Fensterseifer

Não bastasse isso, toda a sua equipe era composta por homens. Houve uma conjunção de fatores bastante favoráveis. Ao mesmo tempo que Neusa foi perseverante e enfrentou o desafio de peito aberto, teve a felicidade de contar com uma ótima equipe. “Meus colegas eram muito bacanas. Em pouco tempo, acabaram se tornando meus amigos.” Ser a única mulher na equipe – e comandar todos os outros homens – acabou se tornando algo natural. “Eu não via por que uma mulher não poderia desempenhar aquela atividade. Era muito mais por costume de haver só homem do que por falta de capacidade”, avalia.

 

A arte de se arriscar

Neda foi estimulada por um chefe para assumir novos desafios. Compartilhou com ele a insegurança, mas recebeu de volta o impulso que precisava

 

A SLC John Deere era a maior empresa de Horizontina (RS), representava uma fatia considerável da economia da cidade e era o orgulho de quem fazia parte do seu quadro de funcionários. Todo esse contexto embalava o sonho profissional de diversos jovens. Neda Motta era um deles. E seu desejo foi realizado cedo: ela tinha 19 anos quando foi contratada pela companhia. Trabalhou com planejamento de vendas por um tempo, teve um certo crescimento. Mas sua ambição era maior.

Tão logo começou a sentir que não havia mais espaço para seu desenvolvimento, já começou a ir buscando alternativas, novos caminhos.  Enxergou oportunidade na área de Planejamento de Produção. Para quem queria novos ares, era a deixa ideal. A atividade tinha uma certa ligação com vendas, mas em um ambiente totalmente novo para ela: a fábrica.

Alguns anos depois, estava conversando com seu gestor quandNeda Motta entrou na John Deere com 19 anos e, com uma trajetória de crescimento consistente, chegou ao cargo de gerente de Produção, consolidando um marco importante para a liderança feminina na empresao, lá pelas tantas, ele soltou a isca. “Acho que você deveria experimentar outra função. Você já pensou em ser gerente de Produção?” Neda se assustou com a possibilidade. “Acho muito complexo”, respondeu. “Não sei se estou preparada para uma função de tanta responsabilidade.” Para tranquilizá-la, o gestor – que era norte-americano – compartilhou uma experiência pessoal. “Quando eu vim dos Estados Unidos, também não me sentia completamente preparado para assumir essa função”, disse. “Mas essas  coisas a gente vai aprendendo. Basta ter vontade e comprometimento com o que estiver fazendo.”

O empurrãozinho ajudou. Neda pensou melhor no assunto, continuou se preparando, e assim que surgiu a oportunidade para o cargo de gerente de Produção, ela não hesitou em aceitar o desafio. Se faltava alguma área na John Deere em que a liderança feminina ainda precisava ser conquistada,com a promoção de Neda, já não faltava mais.

 

Exemplo também dentro de casa

Ao passo que as mulheres vão conquistando cargos de destaque, novas profissionais vão se enchendo de inspiração e planejando suas carreiras. Neusa vê isso em casa, com sua filha. A jovem Melliny tem a John Deere no sangue (o pai também é funcionário), já fez estágio na fábrica de C&F e hoje trabalha como terceira na unidade. “Minha filha se espelha muito em mim em muitas coisas, não só no meu trabalho. Às vezes, até na maneira de se vestir”.

Neda (agachada à direita) inspira a filha pelo exemplo, com empenho na busca de novos caminhos e a coragem de aceitar desafios

 

“Já chegaram em mim para dizer ‘eu gosto de ter você como exemplo, você nos representa’. É uma baita responsabilidade, mas eu sinto que estou fazendo minha parte. A empresa prospera e as mulheres evoluem como um todo. Se eu servir de exemplo, que bom.”

Neda

 

“Entendo que a igualdade tem que ser conquistada. As mulheres precisam estudar cada vez mais, focar no que elas querem, mostrar seus diferenciais. O mundo está muito competitivo. Temos que entrar no jogo, jogar e conquistar.”

Neusa

Com certeza, essas mulheres estão batendo um bolão na carreira e na vida. E que venham novas pioneiras!

 

 

Leia mais

Para conhecer a trajetória inspiradora de mais duas mulheres que se destacaram na John Deere Brasil pelo pioneismo, clique no link abaixo: 

>> Pioneirismo de algumas mulheres da John Deere (Parte 1)  



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